“Las Meninas” é considerada a obra-prima das obras-primas de Velásquez. É inacreditável o que já se escreveu sobre esse quadro. Creio não estar muito enganada ao afirmar que a “Mona Lisa”, de Leonardo, e “Las Meninas”, são os quadros mais estudados e analisados da História da Pintura. No italiano, é o enigma da figura retratada e seu sorriso; neste, são os detalhes que vamos descobrindo aos poucos. Os reis, refletidos no espelho ao fundo, estão posando para Velásquez, que olha para eles. A tela que ele prepara é enorme, não está nem num cavalete, está pousada no chão. O que os reis querem é que sua filha se una a eles: é um retrato oficial da família.
A Infanta Margarida Maria olha para seus pais, como a pedir que a liberem. Está com 5 anos e não acha a menor graça em ficar parada para posar. Já o fez inúmeras vezes. Quer ir brincar. Suas damas de honra – las meninas – tentam tudo para convencer a Infanta. Os anões, Maribarbola e Nicolasito, são chamados para diverti-la. Nada adiantou, pois esse quadro, aquele que Velásquez está pintando e que nós não vemos, nunca ficou pronto.
O jogo de sombra e luz é fantástico. De uma janela lateral entra a luz que ilumina a Infanta, que ocupa o centro ideal da tela. No fundo do ateliê tão escuro, uma luz apenas, da porta aberta por onde entra alguém, provavelmente um ministro à procura do rei. Essa é a tela que consagra Velásquez, uma alegoria fascinante da realidade e da ilusão. Nós estamos ali, ao lado dos reis. Velásquez nos olha também. E nós o olhamos. Essa é a primeira e a mais duradoura das sensações que “Las Meninas” causa em seus felizes espectadores.
Velásquez não viverá muitos anos depois dessa dia em seu ateliê. Em 1660, a Infanta Maria Thereza casa-se com Luis XIV de França. Podemos imaginar o fausto, os cuidados, os preparativos para essa que deve ter sido a mais elaborada das cerimônias que Velásquez planejou e administrou. Esgotado, contraiu uma doença febril e faleceu em Madrid, aos 61 anos.
Acervo Museu do Prado, Madrid
Fontes: www.artchive.com/
www.museodelprado.es/
www.guardian.co.uk/
Texto reproduzido do Blog do Noblat
domingo, 15 de março de 2009
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