FICHA DE LEITURA REFENTE AO TEXTO : “ A DÚVIDA DE CÈZZANE” DE AUTORIA DE MERLEAU PONTY .O Olho e o Espírito.Cosac & Naify ,São Paulo ,2004.
Aluna:Elaine Werneck
Disciplina: Arte como Forma Pensamento
Prof.Dra.Carmen Aranha
"Se no texto O Olho e o Espírito , Ponty expõe contradições e observações de paradoxos que animam a percepção através da pintura , no texto A Dúvida de Cézzane o filósofo decorre sobre ofenômeno da expressão no pintor . Sobre Cézzane ,Ponty diz : “A verdade é que essa obra exigia esta vida .” A personalidadeesquizóide do pintor, a perda dos contatos dóceis com os homens , a incapacidade de dominar situações novas , fuga nos hábitos , a oposição rígida entre teoria e prática e sua solidão nãoexplicam sua obra e não explica também a própria esquizoidia por sua constituição nervosa maspela intenção de sua obra. O corpo de Cézzane é como um médium e se o mundo sensível o transpassa possibilita-oolhar para o mundo ao seu redor e mantê-lo assim.Olhar este que desde seu contato com Pisarroconcebe a pintura como um trabalho a partir da natureza .O motivo do gesto do pintor na suacriação, não é a perspectiva , geometria ou outro conhecimento , mas a paisagem em sua totalidade . No momento da criação vê-se o corpo do pintor que é oferecido ao mundo e o transforma em pintura .Imerso no visível por seu corpo ,ele próprio visível e vidente Cézzane ao dizer: a arte a e a natureza não são diferentes ? Gostaria de uni-las .Colocoessa apercepção na sensação e peço á inteligência para organizá-las com a obra. Revela querer tornar visível o invisível.É a idéia do vidente visível que está presente quando utiliza-se de palavrascomo apercepção ,sensação e inteligência .Incita uma troca de papéis entre arte e natureza , entre opintor e a paisagem. Quando Cézzane diz : “a paisagem pensa em ,mim e sou as consciência , poderíamos relacionar com a seguinte frase :o invisível é o forro que atapeta o visível.” Cezanne não acreditou ter que escolher entre sensação e pensamento entre caos e ordem não quer separar as coisas fixas que aparecem ao nosso olhar liga-se á idéia da fenomenologia de Ponty que acredita na fissão do ser. Neste desejo de totalidade Cézanne realiza o paradoxo de sua pintura : Busca a realidadesem abandonar a sensação sem outro guia senão a natureza na impressão imediata ,sem delimitar os
contornos sem enquadrar a cor pelo desenho, sem compor a perspectiva nem o quadro .Estaria aí a razão da dificuldade de sua expressão?Deste modo na sua pintura ao contrário dos impressionistas , cujas pinturas apresentavam a atmosfera e da divisão de tons, Cezzane não quer o desaparecimento do próprio peso dos objetos mas quer reencontrá-lo por trás da atmosfera utilizando-se de dezoito cores : seis vermelhos,seisamarelos ,três azuis ,três verdes e um preto .Realizou misturas graduadas por matizes cromáticossobre o objeto que não se apresenta perdido em sua relação com o ar mas sim iluminado por dentro.A luz que emana dele , resulta em sua solidez e materialidade.Pelo arranjo do conjunto do quadro ,deixa de ser visível quando é olhado por inteiro econtribue para dar impressão de uma ordem nascente ,de um objeto em via de aparecer .O contorno dos objetos concebido como linha que os delimita não pertence ao mudo do sensível mas á geometria pois se não houvesse contorno a identidade dos objetos desapareceria .Assim os várioscontornos eram marcados com traços azuis . A cor não é simulacro da natureza mas cria nela mesma identidades diferentes ,textura ematerialidade .Não se organiza uma ilusão mas a profundidade pictórica que germina do suporte .O desenho resulta da cor quando esta se apresenta na sua riqueza , a forma estará em sua plenitude .Cezzane queria o todo indivisível pelo arranjo das cores .As pinceladas deveriam conter oar, a luz ,o objeto, plano, caráter, desenho como diz Bernard.A cor luz é ação à distância , não de contato e o mundo está ao redor de Cézanne e nãodistante .O pintor interpreta o rosto como objeto sem despojá-lo de seu pensamento ,pensamentoeste unido á visão.Não se apropria do que vê, apenas aproxima-se pelo olhar que se abre ao mundo. Ponty em O Olho e o Espírito,através de uma metáfora , expõe a própria fenomenologia : “Quando vejo através da espessura da água o revestimento dos azulejos no fundo da piscina ,não o vejo apesar da água ,dos reflexos ,vejo-os justamente através deles ,por eles .Se não houvesse essas distorções ,essas zebruras do sol ,se eu vise sem essa carne a geometria dos azulejos ,então é que deixaria de vê-los como são ,onde estão ,a saber :mais longe que todolugar idêntico .A própria água ,a força aquosa ,o elemento viscoso brilhante ,não posso dizer que esteja no espaço;ela não está alhures ,mas também não está na piscina .Ela a habita ,materializa-se ali ,mas não está contida ali,e esse ergo os olhos em direção ao anteparo deciprestes onde brinca a trama de reflexo ,não posso contestar que a água também o visita ,ou pelo e ons envia até lá sua essência ativa expressiva .É essa animação interna ,essa irradiaçãodo visível que o pintor procura sob os nome de profundidade ,espaço ,cor.”
É essa animação interna ,irradiação do visível que também é o germinar com a paisagem citado pela Senhora Cézzane.Esta mesma paisagem que deveria ser abraçada nem muito acima nem muito abaixo segundo o pintor. Ponty cita que Cézanne nunca estava no centro dele mesmo ,nove em cada dez dias vê ao seuredor somente a miséria de sua vida e de suas tentativas frustradas ,restos de uma festa deconhecida. Sua liberdade é realizada na tela com a utilização das cores .Esta busca do pintor nunca acaba pois a liberdade face a face nunca é observada .Esta liberdade comporta Cézzane e seu contato com o mundo ,o fio que o liga ao mundo ,sua troca de papéis ,o tornar –se visível vidente que se dáatravés do pintar. Na obra Fenomenologia da Percepção de Merleau Ponty este escreve: O visível é o que seapreende com os olhos e o sensível é o que apreende pelos sentidos .(pág.28) Estaria aí o conflito,a dúvida de Cezzane? A sua apreensão pela totalidade da pintura através da visão em conjunto coma importância que dá á sensação ,seria a origem da força expressiva de sua obra?Há a possibilidade do pintor apreender com os olhos ,o que seria para se apreender com os sentidos ,e então criar-se -ia um paradoxo que seria a própria expressividade de sua pintura .A sua profundidade. A profundidade de Cézanne vemos na sua busca pela concepção de globalidade da paisagem na sua plenitude que é a reversibilidade das dimensões, uma localidade global onde tudo é ao mesmo tempo, altura, largura são abstrações de uma voluminosidade que exprimimos numa palavra ao dizer que uma coisa está aí."
Fonte:http://74.125.47.132/search?q=cache:_kBykXwOzt0J:www.elainewerneck.com.br/docs/10_A%2520DUVIDA-DE-CEZANNE.pdf+a+d%C3%BAvida+de+c%C3%A9zanne&cd=1&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br
terça-feira, 17 de março de 2009
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CéZZane, CéZZane, CéZZane, CéZZane, CéZZane, CéZZane...estava com sono, professora? ZZZZZZ
ResponderExcluirkkkkk
ExcluirMuito Bom!
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