quinta-feira, 23 de abril de 2009

RESENHA DO LIVRO ANÁLISE DO DISCURSO

O discurso, segundo Orlandi, “[...] é assim palavra em movimento, prática de linguagem: com o estudo do discurso observa-se o homem falando”. Nesse trecho, a autora do livro explica que o discurso não trata somente da língua ou da gramática, trata do uso que nós, seres humanos, fazemos dela para nos expressarmos.
Orlandi diferencia a análise de discurso da análise do conteúdo, dizendo que esta última procura extrair sentidos do texto, enquanto a outra considera que a linguagem não é transparente e vê o texto tendo uma materialidade simbólica própria e significativa e uma espessura semântica, ou seja, não leva em consideração somente o texto analisado para compreender e identificar os significados presentes nele.
São consideradas então as condições de produção de um determinado discurso que compreendem os sujeitos, a situação e a memória. Os sujeitos nada mais são do que os produtores desse discurso influenciados sempre pela exterioridade na sua relação com os sentidos. Situação trata-se do contexto, imediato ou amplo, levando sempre em consideração o momento histórico que se estava vivendo na época da produção. E a memória é o que sustenta os dizeres desse discurso, tudo que já se disse sobre o assunto tratado. “O fato de que há um já-dito que sustenta a possibilidade mesma do dizer, é fundamental para se compreender o funcionamento do discurso e sua relação com os sujeitos e com a ideologia”, afirma Orlandi.
No livro de Eni P. Orlandi são explicados alguns recursos da análise de discurso utilizados para identificar as características ideológicas dos sujeitos. A primeira delas é o “esquecimento” que é explicado de duas formas: primeiro na ordem da enunciação ela diz que “[...] ao falarmos, o fazemos de uma maneira e não de outra, e, ao longo do nosso dizer, formam-se famílias parafrásticas que indicam que o dizer sempre podia ser outro”, isso quer dizer que acabamos expressando a nossa impressão da realidade através da escolha que fazemos por determinadas palavras ou expressões. Já o esquecimento ideológico consiste na retomada de algo que já foi dito como se tivesse se originado no sujeito que o faz. Ele faz isso inconscientemente, pois mesmo antes de ele nascer esse discurso já estava em processo.
Outro recurso explicado pela autora são a “paráfrase” e “polissemia”. Segundo ela, “essas são duas forças que trabalham continuamente o dizer, de tal modo que todo discurso se faz nessa tensão: entre o mesmo e o diferente”. Paráfrase é aquilo que se mantém nos dizeres e polissemia é a ruptura disso. Logo, temos que tanto as constantes quanto as contradições existentes nos dizeres de um mesmo discurso ajudam-nos a identificar muito da situação e da ideologia desses sujeitos, uma vez que sem essas transformações não haveria o movimento dos sentidos, nem a particularidade dos sujeitos. Orlandi completa o pensamento dizendo que nem os sujeitos, nem os sentidos, nem os discursos já estão prontos e acabados, estão sempre se fazendo, estão sempre em movimento na tensão entre paráfrase e polissemia. E essa incompletude é que condiciona a linguagem e cria os diferentes sentidos de um discurso.
“Um dizer tem relação com outros dizeres realizados, imaginados ou possíveis”, inicia Orlandi quando explica que, ao dizer, o sujeito se sustenta em outros dizeres e também visa seus efeitos sobre o interlocutor, sendo que esses efeitos variam quanto à relação de poder que o interlocutor tem com o sujeito. Isso porque o imaginário que um tem do outro interfere em como a mensagem será entendida, e em como o sujeito pensa que ela será entendida. Por muitas vezes os sujeitos antecipam isso, imaginando qual será a imagem que causará nos interlocutores, buscando, através dessa antecipação, que sua imagem seja aquela que ele quer ter para os interlocutores.
O autor demonstra mais adiante que uma “formação discursiva” é que determina o posicionamento ideológico de um discurso. “As palavras mudam de sentido segundo as posições daqueles que as empregam.”, ou seja, a partir do momento em que relacionamos os diferentes sentidos que se pode ter de uma determinada palavra com o sujeito que a usa em seu dizer, isso nos permite compreender o processo de produção dos sentidos e sua relação com a ideologia, levando-nos cada vez mais próximos ao sujeito e a sua intenção ao dizer. A essa transferência de significação de uma palavra para outra, na análise de discurso, se dá o nome de “metáfora”.
Ao afirmar que a presença da ideologia se dá através da interpretação dos sentidos a autora do livro demonstra que tanto os sentidos quanto os sujeitos de um discurso também dependem da ideologia que adotam, e ao mesmo tempo são constantemente influenciados pela linguagem, pela história em que se inserem. Orlandi ainda afirma que o gesto de interpretação se faz entre a memória institucional, que é aquilo que está incorporado ao sujeito desde sempre, e os efeitos da memória constitutiva, que é o dizível, o interpretável, o saber discursivo. Considerando as afirmações da autora pode-se perceber que o sentido que percebemos nos dizeres também estão sujeitos a deslocamentos, apesar de muitas vezes parecerem inalterados, pois somente com ideologia o indivíduo se torna sujeito com identidade.
Ainda no mesmo capítulo, Orlandi expõem que a forma histórica de um sujeito assim como a ideologia da sociedade em que vive, pode alterar sua percepção sobre determinados discursos. Como por exemplo, no capitalismo, onde existem processos de individualização do sujeito pelo Estado, que o submete a um reflexo da realidade aparentemente livre e responsável, provocando o assujeitamento dos indivíduos. A autora também ressalta que “[...] é pela sua abertura que o processo de significação também está sujeito à determinação, à institucionalização, à estabilização e a cristalização”, e que por isso temos que trabalhar continuamente a articulação entre estrutura e acontecimento.
O capítulo seguinte trata de como o analista deve proceder, tendo em vista todos os conceitos levantados anteriormente. Como ele deve trabalhá-los, a ponto de, através deles, conseguir extrair de um determinado dizer os sentidos e ideologias do sujeito. Segundo a autora do livro “a Análise de Discurso não procura o sentido ‘verdadeiro’, mas o real do sentido em sua materialidade lingüística e histórica.” A partir daí, Orlandi descreve como devem ser desenvolvidos os dispositivos para aprimorar a análise e reforça as bases que devem ser consideradas, que são as condições de produção em relação à memória, onde intervém a ideologia, o inconsciente, a falha, o equívoco.
A seguir, o livro traz alguns métodos para ordenar o processo de análise de discurso e organizar as aplicações feitas no objeto de análise. O primeiro deles mostra que o primeiro passo para a análise é o levantamento dos elementos do contexto de produção como o papel social do produtor e interlocutor, lugar social, momento da produção. Feito isso, o próximo passo indicado pela autora é o trabalho com as paráfrases, polissemias, metáforas e a relação dizer/não dizer. Neste último, deve-se construir uma nova versão do objeto de análise, dizendo de outra forma o que é dito, isto para demonstrar que, ao contrario do que parece, o dizer pode sim ser dito de outro modo, sem alterar sua definição semântica, mas podendo alterar a forma como significa dentro do discurso. Após isso, é preciso identificar relações do discurso com formações discursivas que estejam agindo sobre ele, e assim relacioná-lo à ideologia do sujeito para, enfim, poder tirar conclusões a partir dos sentidos de discurso já realizados, imaginados ou possíveis.
Tanto a fundamentação dos conceitos, quanto a orientação de como aplicá-los em um objeto de análise, feitos por Eni P. Orlandi em seu livro demonstram de forma clara os pontos que devem ser considerados na análise de discurso. Entendidos e desenvolvidos esses pontos, podemos não só aprimorar nosso estudo em relação aos textos jornalísticos, como também estar cada vez mais familiarizadas com o modo como se dão as publicações de grandes acontecimentos nos veículos midiáticos de nosso país, e o modo como cada um desses veículos se posiciona em relação a eles.

Fonte:http://heloisaikeda.blogspot.com/2008/05/resenha-anlise-de-discurso.html

quarta-feira, 22 de abril de 2009

COMUNICADO

A dissolvida turma F voltará a assistir aula às terças e quintas.Amanhã,23,tem início as aulas da disciplina do professor Nonato Lima.As duas últimas aulas da disciplina do professor Silas de Paula serão ministradas,somente,na próxima semana.

DICA CULTURAL:A CIGARRA E A FORMIGA

Grupo de Teatro Pé-no-Chão apresenta A Cigarra e A Formiga.Todos os domingos de Maio,às 17h,no Teatro Morro do Ouro (Anexo ao Theatro José de Alencar).Ingressos: 8,00 (inteira) e 4,00 (meia).

EUA tem quase tantos blogueiros qto advogados, muitos sao remunerados

Há quase tantos blogueiros nos EUA quanto advogados, diz matéria do Wall Street Journal. E muitos têm no trabalho em blogs - no seu proprio ou como empregado - sua principal fonte de renda. O numero de americanos ganhando algum dinheiro com blogs chega a 1% dos adultos. Segundo o jornal, sao 1,7 milhao de blogueiros recebendo alguma coisa por blogar; e 452 mil têm nos blogs sua fonte primária de renda.

Fonte:Site Blue Bus

domingo, 12 de abril de 2009

DESORGANIZAÇÃO DO CERIMONIAL E NOVIDADES NO CAMPO ACADÊMICO MARCAM ABERTURA DE ENCONTRO INTERNACIONAL DE IMAGEM CONTEMPORÂNEA

O amadorismo e a desorganização do cerimonial marcaram a abertura,na noite de hoje(12),no Teatro José de Alencar,do Encontro Internacional de Imagem Contemporânea.Logo na entrada,percebia-se muitos participantes perdidos sem saber onde podiam pegar suas credenciais.Ao chegar ao estande montado nos jardins do Teatro José de Alencar,a fim pegar as credenciais,os inscritos passaram pelo constrangimento de ter a fila de espera furada por uma das organizadoras.A prioridade estava sendo dada aos "companheiros" de uma das responsáveis do evento.Por todo o evento,sentia-se a falta de guiadores.Foi pela ausência deles,que muitos quase ficaram sem o rádio para tradução simultânea para primeira palestra.Na abertura,já no Palco Principal do Teatro,mais erros sucessivos de Cerimonial.Não tinha um cerimonialista oficial.Tudo foi resolvido em casa com professores do Curso de Comunicação da UFC.A mesa com os organizadores,mediadores e palestrantes sequer foi constituída.A principal organizadora foi sentar bem longe da palestrante.A francesa Anne Sauvagnargues proferiu uma palestra com o título "Dos fluxos às dobras da imagem".Poucos conseguiram entender suas palavras.O aparelho para tradução simultânea funcionava de mal a pior.Em uma exposição breve,a palestrante estrangeira exauriu o tema e abriu para perguntas.Foram minutos de apuros sem saber o que fazer.Ao estilo tudo feito nas coxas,a organizadora saiu lentamente do local onde estava e se dirigiu à palestrante,dizendo que continuasse.A vergonha foi tanta que a responsável resolveu sentar na coxia.A francesa agradeceu a sua participação por duas vezes.A segunda palestra,com o cineastra Karim Aïnouz,seguiu tranquila.Até que ao final,ali na hora,foi resolvido que não haveria uma sessão de debates e de perguntas por se tratar de um domingo e fim de feriado.Uma imposição improvisada.Por fim, não devemos esquecer que faltou um bloquinho de notas ,mesmo se fosse com papel reciclado,no kit do evento.LADO POSITIVO -O evento é o primeiro desenvolvido pelo recém-criado Instituto de Cultura e Arte.Por falar nele,na ocasião,foi anunciado que a partir de 2010 a pretensao da UFC é agregar novos cursos aos já em andamento no Instituto,como Jornalismo,Publicidade e Estilismo e Moda.Virão Cinema,Artes Dramáticas,Gastronomia Internacional,Cinema e Audiovisual e outros.O evento também representa o primeiro das duas linhas de pesquisa do Mestrado.O próximo abordará a temática "Mídia e Práticas Socioculturais".Quanto ao evento,uma das ótimas sacadas foi dar vida a obra de Zé Tarcisio no identidade gráfica do evento.De ter utilizado software livre para o endereço eletrônico do Encontro.E de perceber a evolução de um evento,que começou com uma simples conversa com o pesquisador Arlindo Machado.
LIÇÕES DAS PALESTRAS - Do pouco que se conseguiu ouvir,Anne deu um show quando o assunto é imagem contemporânea.Disse que a imagem muda a nossa maneira de encarar o mundo.Afirmou que devemos a cada dia topar o desafio de criar um cinema que mostre a realidade urbana,dos prédios,das pontes,autoestradas e etc.Para ela,o cinema nos mostra que imagem é independente da nossa consciência.Que as imagens não são meras projeções.Elas advém da nossa realidade.Durante a palestra,ela fez um panorama sobre a História do Cinema,citado o Expressionismo Alemão,Cinema Italiano do Pós-Guerra e a o Audiovisual Russo.Na palavra do cineasta cearense,Karim Aïnouz,ele falou da parceria com o cineasta Marcelo Gomes,que não compareceu.Fez uma restrospectiva de vida profissional.Destacou o seu primeiro filme,feito nos EStados Unidos,sobre suas tias e avó.Relatou a dificuldade de resgatar imagens de época e como é desenvolvido o trabalho de resignificar imagens que ficaram paradas no tempo.Uma exemplo disseo foi o resgate de parte das imagens de um filme feito por ele e Marcelo,durante viagem feita pelo Nordeste, para produzir uma outra realização audiovisual.O primeiro filme destacado foi lançado em 1999 e chama-se " Carranca de Acrílico Azul Piscina".O próximo está em fase de elaboração de construção de significado em o que Karim denominou de "experiência múltipla audiovisual."Vai se chamar:"Viajo porque preciso,volto porque Te Amo".A película será um documentário inventado,com personagem e narrador inventados,a partir de uma história de vida de um homem abandonado pela mulher e que topa trabalhar como Geólogo para prospecção de um projeto de transposição de águas de um rio.Qualquer semelhança é mera coincidência com o Rio São Francisco.Karim deixou uma lição:uma imagem deve levar a outra.Pode ser do Clássico,passando por instalações contemporâneas.

PS:Sobre as críticas,o Blog Comunicação e Imagem está aberto para os posicionamentos contrários.

Por Marcellus Rocha