terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Identidades Pós-Modernas

Um dos conceitos mais complicados e polêmicos da contemporaneidade é o de Pós-Modernidade.

“Pós” dá a entender que é aquilo que vem depois de alguma coisa. Pós-Modernidade, então, seria algo que veio depois da Modernidade?

Mas o que é Modernidade?



Segundo Marx (o Karl, não o Groucho), modernidade “é o permanente revolucionar da produção, o abalar ininterrupto de todas as condições sociais, a incerteza e o movimento eternos. Todas as relações fixas e congeladas, com seu cortejo de vetustas representações e concepções, são dissolvidas, todas as relações recém-formadas envelhecem antes de poderem ossificar-se. Tudo que é sólido se desmancha no ar…”



Entendeu?

Pois se a modernidade é todo esse turbilhão aí, a Pós-Modernidade veio chacoalhar mais ainda o negócio.

Para o crítico literário Fredric Jameson (um popstar sociológico da pós-modernidade), o pós-modernismo seria a lógica cultural do capitalismo tardio, uma fase do capitalismo onde a imagem é o centro de tudo, a imagem é o real; outras características são a ausência ou a crise da história, o forte incentivo ao consumismo e a superficialidade de tudo. E, prá fechar, na pós-modernidade o que impera é a falta de um estilo pelo fato de todos os estilos serem válidos: a paródia, a ironia, o pastiche é que ditam as regras.

Pois bem, ainda tem mais.

Temos que distinguir Pós-Modernidade de Pós-Modernismo. Parece igual, mas é diferente. Prá simplificar, Pós-Modernismo tem a ver com estilo. Pós-Modernidade, com o contexto sócio-político-cultural, com os conceitos de época, tempo, lugar, o aqui-agora.

Uma das discussões mais interessantes da pós-modernidade é sobre “identidade fragmentada”.

Segundo Stuart Hall,no seu excelente livro “A Identidade Cultural na Pós-Modernidade”, diz que “as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como um sujeito unificado. (…) O sujeito assume identidades diferentes em diferentes momentos, identidades que não são unificadas ao redor de um “eu” coerente”.

Tipo assim: todo mundo tem máscaras; você não é a mesma pessoa em diferentes cenários da sua vida: casa, trabalho, faculdade, rua…

Você usa linguagens e posturas distintas em cada um desses locais. Você é pai (ou mãe), marido (ou esposa), filho(a), empregado (ou chefe), aluno (ou professor), um simples transeunte…

Hoje em dia, esse conceito foi ampliado por causa da tecnologia. Você tem novos espaços para exercitar outras máscaras. Então, você usa nicknames, avatares, ícones…

Conversa com gente de qualquer lugar do mundo, na hora que quiser e onde você estiver. Nesse processo, você soma identidades: moderador, blogueiro, comentarista, leitor, autor, webdesigner, podcaster…

Como cabe tanta coisa numa pessoa só? Múltiplas personalidades, fragmentação, pensamento divergente, polifonia…

Esse negócio de identidade fragmentada é ou não é interessante? Tão boa quanto é a questão da compressão espaço-tempo (eu gosto dessa, lembra ficção-científica), perfeitamente mais perceptível pela velocidade das comunicações e pelo acesso à web. O mundo é aqui!


Material reproduzido do Blog Macaxeira Geral

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