quarta-feira, 5 de agosto de 2009

INFORMAÇÕES SOBRE O FILME DEUS QUEBRADOS

por Luiz Zanin

"Com a apresentação de Os Deuses Quebrados, do cubano Ernesto Daranas, prosseguiu a mostra competitiva ibero-americana do 19° Cine Ceará. A idéia de base é mesclar um tom de documentário com o de ficção ao abordar um curioso fato histórico da cultura cubana, conforme explicou em entrevista o diretor. Trata-se da história de um cafetão, Yarini, lendário nos bordéis de Havana no início do século 20. Como a prostituição era explorada na época por estrangeiros, franceses em especial, Yariani ganhou uma surpreendente notoriedade, exacerbando sentimentos nacionalistas no basfond da capital. Era o rei de San Isidro, bairro popular de onde o diretor Daranas é também originário.

Ao invés de fazer um documentário sobre Yarini, Daranas prefere o caminho da ficção. Cria o personagem de Laura, uma professora universitária que defende tese sobre Yarini e, para fazer o trabalho de campo, passa a conviver com os personagens atuais da cena onde o antigo cafetão brilhou. Conhece prostitutas e proxenetas e acaba se envolvendo com um deles, o melífluo Alberto (Carlos Ever Fonseca), amante de Sandra (Annia Bú), que também está envolvida com o rei da Boca atual, Rosendo (Hector Noas). A investigação transforma-se assim, num duelo de ciúme e paixão, que acaba por vitimar várias pessoas, entre as quais a própria pesquisadora. “Em geral esse tipo de assunto é visto sob ótica sociológica e política e eu acho que isso acaba empobrecendo a análise”, diz. De qualquer forma, parece que Daranas conseguiu tocar o coração popular – pelo menos em Cuba, onde ganhou o Prêmio do Júri popular no Festival de Havana.

Em meio a cenas tórridas com a escultural Annia Bú, o filme apresenta uma estética meio esquisita, com trilha sonora onipresente, cortes bruscos e uma certa vocação para o videoclipe em certas passagens. Nota-se que Daranas tentou mesmo fazer um filme popular, e não raro cai no popularesco. Falta depuração, sobriedade nos movimentos de câmera. Tudo é derramado, mas se sente que esse descontrole não está a serviço da linguagem mas aparece mais como carência. Muito melhor representante de Cuba seria O Corno da Abundância, de Juan Carlos Tabío, que passou no Festival de Cinema Latino-americano de São Paulo."

Fonte:Agência Estado

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